quarta-feira, 28 de maio de 2008

Como redigir um relatório

Organização de um relatório

Identificação

A identificação é indispensável em qualquer trabalho escrito. Quando um trabalho escrito chega às mãos de alguém, há necessidade de saber mais alguma coisa do que o seu conteúdo: quem o escreveu, se o artigo ou relatório está actualizado, etc.. Num trabalho que não está identificado, não é possível responder a estas questões.

As 4 questões

Para saber qual a informação necessária para identificar um trabalho, pode recorrer-se às quatro perguntas básicas do jornalismo: quem, o quê, quando e onde. (Estas quatro perguntas são conhecidas na literatura inglesa como os 4 Ws: who, what, when, where).

Quem identifica o autor, ou autores, do trabalho. O quê descreve o que foi feito no trabalho: o título. Quando e onde identificam o local e a data onde o trabalho foi efectuado.

Informação adicional

Para além das 4 questões básicas, pode haver mais informação necessária para identificar o trabalho. Geralmente, indica-se também o âmbito em que o trabalho foi efectuado. No caso de um relatório de um aluno, será a cadeira em que o trabalho foi feito. No caso de um trabalho realizado numa empresa, poderá ser o projecto a que o trabalho está associado. Outra informação que pode aparecer como adicional, no caso de um trabalho ou relatório escolar, será o nome do orientador ou professor.

Estrutura

A estrutura aparece devido a dois tipos de necessidades: por um lado, é necessário a quem escreve organizar primeiro as suas ideias. Por outro lado, essa organização facilita a tarefa a quem está a ler o trabalho.

Necessidade de estrutura

Ao iniciar a escrita de qualquer trabalho, raramente se tem definido o que se vai escrever de uma ponta à outra. Não se começa a escrever na primeira linha e se continua, sem interrupções, até à última. Antes disso, é necessário definir primeiro uma estrutura com os tópicos principais. Depois, cada um desses tópicos é desenvolvido em mais pormenor. O processo é repetido até se obter uma estrutura que permita passar directamente para a escrita do texto. Cada um destes tópicos é então desenvolvido. A estruturação facilita assim a escrita de um trabalho.

Um trabalho escrito deve aparecer ao leitor como uma entidade uniforme. Deve-se ter a sensação de que se está a ler um único texto, e não uma sequência de textos diferentes. É preciso que o leitor seja conduzido pelo texto do trabalho desde o princípio ao fim. Deve começar a ler na primeira linha e seguir o trabalho até ao fim sem esforço. Para que tal aconteça ao longo de várias páginas, é necessária a existência de uma estrutura.

A estrutura é, assim, a espinha dorsal do trabalho. É aquilo que permite que todo o texto se torne num conjunto uniforme.

Elementos da estrutura

Uma possível estrutura é a seguinte (adaptado de [1]):

  • Resumo
  • Descrição do problema
  • Aparelhagem e equipamento
  • Procedimento
  • Resultado dos testes
  • Análise dos resultados
  • Conclusões
  • Referências
  • Anexos
Resumo: Descreve sumariamente o trabalho e o relatório no seu conjunto;
Descrição: Apresenta o problema que se pretende resolver ou atacar. Apresentam-se aqui também outras abordagens que já tenham sido feitas, diversos métodos para o fazer, qual a solução escolhida e a razão (ou razões) da escolha;
Aparelhagem: Descreve-se a aparelhagem e o equipamento utilizado: que tipo de material, de que maneira foi utilizado, quais as ligações entre os diversos aparelhos, etc.. Descreve-se como é que o trabalho foi feito.
Procedimento: Nesta secção, descreve-se qual a metodologia de trabalho utilizada. Devem-se descrever sem ambiguidade as acções efectuadas. Descreve como se faz o trabalho.
Resultados: Apresentam-se aqui os resultados "em bruto" do trabalho. Não deve haver qualquer interpretação dos resultados (tirar conclusões, dizer se são maus ou bons, atribuir-lhes significados) mas apenas "despejar" (dentro de certos limites) o que se observou.
Análise: Neste secção, procede-se à transformação dos resultados "em bruto" apresentados na secção anterior que possam ser utilizados: aplicação de fórmulas, extracção de médias e desvios padrões, etc..
Conclusões: Avaliam-se os resultados obtidos: se estão de acordo com a teoria, se os erros são elevados, se os resultados são credíveis.
Referências: Lista dos artigos, livros e outra bibliografia consultada e que seja mencionada no texto do trabalho ou relatório. Podem também ser incluídos outros livros e artigos que se debrucem sobre a área do trabalho, devendo nesta caso constar de uma lista aparte.
Anexos: Conjunto de documentação diversa, utilizada para fundamentar o texto do relatório. Nos anexos podem estar: esquemas eléctricos, listagens de programas, dados obtidos "em bruto", ... Em geral, os anexos contêm o que é informação complementar ou demasiado extensa para constar do texto do relatório.

Como se disse antes, a estrutura do relatório depende do tipo de trabalho que ele relata. O exemplo apresentado é orientado para a realização de trabalho experimental: os pontos incluem a descrição da Aparelhagem e Equipamento, uma actividade nitidamente ligada à realização de experiências em laboratórios. Convém lembrar que alguns destes pontos, sem bem que pareçam só para trabalho de laboratório, dizem também respeito à construção de máquinas, aparelhos ou sistemas! Por exemplo, o ponto de Procedimentos. A construção de uma máquina, ou aparelho, é feita a partir de determinadas especificações. Um dos pontos mais importantes de um relatório do projecto dessa máquina é a confirmação que a máquina cumpre efectivamente os requisitos impostos. Isso só pode ser feito com medidas experimentais.

A Análise dos Resultados e as Conclusões são dois dos pontos mais importantes . No entanto, são normalmente esquecidos em muitos trabalhos.

A Análise dos Resultados permite obter informação que seja rapidamente assimilável pelo leitor. Por exemplo, se se estivesse a fazer o estudo do movimento de um corpo num plano, seria nesta secção que se relacionavam os valores do espaço percorrido com o tempo, e se verificaria a relação entre um e o outro.

As conclusões permitem, entre outras coisas, verificar se a pessoa que fez o trabalho percebeu, ou não, o que estava a fazer. Uma conclusão errada é o suficiente para invalidar todo um trabalho. Do mesmo modo, um relatório de um trabalho experimental que não apresente quaisquer conclusões tem um valor muito relativo.